MANAUS – O aumento do custo de vida, a dupla jornada da mulher e o acesso facilitado aos métodos contraceptivos mudaram o formato da família de gerações anteriores, acostumadas com cinco ou mais filhos. Embora ainda haja a preocupação com o controle da gravidez, a série de fatores que influenciam na decisão de expandir a família foram superados na pandemia de Covid-19, quando cresceu o número de nascimentos no Amazonas.
Dados da Anoreg-AM (Associação dos Notários e Registradores do Amazonas) mostram que em 2019 o total de nascimentos no estado foi de 60.421 (sendo 5.650 certidões somente com nome da mãe). Em 2020, primeiro ano da pandemia, houve uma pequena redução, 60.346 nascimentos (sendo 6.042 certidões somente com nome da mãe).
Mas nos anos seguintes esses números subiram. Em 2021 foram 75.877 nascimentos (7.378 certidões somente com nome da mãe) e em 2022 o total foi de 73.951 nascimentos (8.004 certidões somente com nome da mãe). Somente em janeiro deste ano foram 6.695 novos bebês registrados (833 certidões somente com nome da mãe).
De acordo com o presidente da Anoreg-AM, David Gomes David, houve uma redução mínima de 2021 para 2022, mas a variação está dentro da normalidade, e de maneira geral, um aumento foi constatado no período.
“Comparando os anos completos (2019 a 2022), percebe-se uma diferença de mais de 15 mil certidões registradas nos cartórios do Amazonas, desde o início até o final do período solicitado, o que representa um aumento de 22%”, diz.
David Gomes David pontua que muitos fatores podem explicar esse aumento e que o salto aconteceu no ano seguinte ao início da pandemia de Covid-19.
“Pode ser que tenha havido uma preocupação maior dos casais em constituírem família, mas isso deve ser analisado com o passar do tempo por pesquisadores responsáveis. O que sabe-se é que a pandemia do novo coronavírus impactou a sociedade nos mais variados aspectos e é ideal que esses números específicos sejam analisados a cada ano, para verificar se esse aumento se mantém ou retorna ao patamar anterior a pandemia”, avalia.
Lúcia Freitas, chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher na Semsa (Secretaria Municipal de Saúde), explica que ao decidir ter filhos, é importante que o casal prepare o ambiente para a criança que virá e esteja atento a questões de saúde.
“É importante procurar a unidade de saúde, pelo menos fazer um exame, teste rápido, conversar com um médico ou enfermeiro e dizer ‘olha, estamos querendo ter um filho’ e fazer os exames para verificar algumas questões que na Atenção Primária podem ser verificadas, como anemia, teste rápido para HIV, sífilis e hepatite que podem interferir negativamente na gravidez”, orienta.
A enfermeira afirma que é importante que a mulher saiba que pode planejar a própria família. “Por exemplo, um DIU ela coloca e tira quando quiser engravidar. Ah, eu vou colocar e só vou tirar daqui a 10 anos? Não, coloca hoje, ano que vem quer engravidar, ok. E o DIU tem 98% de segurança”, diz.
Atualmente, a Semsa disponibiliza gratuitamente a inserção do DIU em nove unidades básicas na zona urbana, e na Maternidade Doutor Moura Tapajós. Na zona rural de Manaus, o serviço é ofertado na Unidade de Saúde da Família Rural Ephigênio Sales, no quilômetro 42 da AM-010 (Manaus-Itacoatiara). As interessadas devem solicitar o procedimento na unidade, levando RG, CPF e Cartão Nacional de Saúde. Confira os endereços AQUI.
Além desses métodos contraceptivos, há a laqueadura, para mulheres, e vasectomia, para homens, procedimentos cirúrgicos para evitar a gravidez. No caso da laqueadura, pode ser feita logo após o parto cesariano. Lúcia Freitas afirma que há uma quantidade significativa de mulheres e homens interessados em realizar as cirurgias.
Números do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) mostram a evolução na quantidade dessas cirurgias realizadas em maternidades públicas de Manaus de 2012 a 2022. A principal mudança foi no total de homens interessados na vasectomia, considerada uma cirurgia mais rápida e menos invasiva que a laqueadura.
Fonte: Amazonas Atual